quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Barba


Olhei-me ontem no espelho, não ontem antes de hoje, e sim, ontem de meu pretérito imperfeito, vi no rosto uns fiozinhos chamei de “barba”. Falei com um sorrisinho bobo “poxa estou ficando velho”. Mas depois filosofando bem cheguei à conclusão, que era o mesmo velho menino que se perdia em seus sonhos, perseguindo sonhos. O mesmo que bancou o otário, acreditando que tudo iria ficar melhor se o mundo girasse ao contrário.
Hoje sou um homem de barba e não de “fiozinhos”, sou sério, trabalho muito e rio pouco. Quando sobra um tempo no meu dia a dia super lotado de tarefas, tomo um cafezinho forte, trago-o de casa, pois o daqui é muito fraco. Tem gente que espalha por aí, que o fato de eu trazer café de casa, significa mão de vaquismo. Porém acredito que mão de vaquismo tem o nosso chefe, pois o mesmo exige que compremos nosso café.
Em todos os outros escritórios os chefes compram café, só aqui que não. Por esse motivo alcunhei os que me chamam de mão de vaca de puxa sacos.
Meu maior problema atualmente com a barba é quando tomo uma xícara de leite e encima do bigode forma-se um segundo bigode branco e melado. Não falo mais sobre isso perto dos amigos do futebol, já que pode haver uma ambigüidade muito sacana em “bigode branco e melado”. Pior é quando almoço em algum lugar e acabo me atrasando, fico sem tempo de passar no banheiro e sempre saio com um arroz na barba. No caso de atraso sempre dou um jeito no hálito, com uma balinha de hortelã ou menta, mas o arroz sempre fica ali pinduradão, pra todos caçoarem de mim. Acreditem ninguém nunca avisa, apenas zombam.
Voltando ao meu pretérito mais que imperfeito, mais uma vez, me lembro antes de ganhar os fiozinhos, quando limpava na toalha de mesa o bigode de leite que se formava no café da manhã. Nessa época ainda morava no campo e tinha um único primo que não ficava com bigode, ele literalmente mamava na teta da vaca, erghhhh.
Já tive vários estilos de bigodes e barbas Jesus Cristo, Fu Manchu, Fred Mercury, Raul Seixas e muitos outros. Dentre todos, e todas as zueiras que os mesmos trouxeram, só tive problemas reais com o estilinho Hitler, tomei um sova nervosa e ai me lembrei com quem estava parecido, é, esse nanico alemão traz problemas até hoje.
Depois de um tempo resolvi adotar algo mais social pra conseguir um emprego, este mesmo que estou até hoje. No dia da entrevista entrei na sala e me deparei com o que hoje, chamo de chefe, parecia um bode velho e eu havia raspado minha barba que já tinha até trancinhas.
Bons tempos eram aqueles, em que eu só desejava barba e corria atrás de meus sonhos, agora todos estão destruídos, não tenho a mulher que amo e ela vivi reclamando da minha barba, meus filhos me odeiam, odeio meu emprego e tenho mais pelo no queixo do que na cabeça . E só agora com a experiência que todos os meus fiozinhos me proporcionam, percebo que meu maior ídolo, que fazia o mundo girar ao contrário, não tinha se quer, um fiozinho de barba.

Um comentário:

Ch3d... disse...

tome cuidado com as crianças por tanto